Segunda, 20 de Maio de 2024 Adrego & Associados – Consultores de Gestão

Têxteis e calçado são oportunidades no mercado alemão

As exportações portuguesas para a Alemanha têm um grau de concentração elevado, com 56% do valor a centrar-se nos veículos e máquinas e aparelhos. A Alemanha tem um peso económico e industrial de relevo a nível mundial. É o segundo maior mercado importador e, desde 2003, ocupa o primeiro lugar como exportador. Por isso, os analistas da Aicep Portugal consideram como produtos de oportunidade para as empresas portuguesas, naquele mercado, o vestuário – com desenvolvimentos de nichos de mercado para produtos com qualidade e ‘design’ ou o estabelecimento de parcerias com os clientes.

Também os têxteis são uma área a explorar, através do desenvolvimento de novas aplicações para produtos têxteis, apostando em produtos diferenciados (como os têxteis técnicos), e da cooperação com ‘designers’ que alargam a sua marca a outros produtos para a casa, e o calçado, apostando no reconhecimento da qualidade do calçado português.

Para a Aicep são ainda boas oportunidades de mercado os produtos da fileira casa, os vinhos (tem havido uma crescente procura de vinhos tintos), as rochas ornamentais, e os bens de equipamento, uma vez que as indústrias portuguesas de metalomecânica e electromecânica assumem um papel importante na economia nacional como incubadoras de novas tecnologias. A Aicep realça o facto de a indústria de moldes ser um bom exemplo de ‘know-how’ técnico e da flexibilidade da oferta portuguesa. Portugal ocupa a quinta posição como fornecedor alemão de moldes.

A Alemanha tem um papel da maior relevância na balança comercial portuguesa, surgindo, em 2008, em segundo lugar, logo a seguir à vizinha Espanha, quer como cliente, quer como fornecedor de Portugal. No contexto do comércio externo alemão, Portugal posicionava-se, em 2008, como 24º cliente com 0,82% do total das exportações alemãs, e como 31º fornecedor com 0,51% das importações, assumindo, portanto, posições incomparavelmente menos relevantes do que as da Alemanha na balança comercial portuguesa.

As expedições portuguesas para a Alemanha acusam um grau de concentração elevado, uma vez que mais de 56% do valor expedido, em 2008, diz respeito apenas a dois grupos de produtos – veículos e outro material de transporte, com 30,9% do valor total, e máquinas e aparelhos com 25,3%. Dos restantes grupos de produtos, destacam-se ainda o calçado (5,6% do total expedido), os plásticos e borracha (5,3%), os produtos químicos (5,3%), o vestuário (4,7%) e os metais comuns (4,6%).

Bens de capital a crescer

O estudo da Aicep “Relações Económicas Portugal – Alemanha”, realça que a exportação dos bens de capital subiu de 52,8% em 2004, para 57,3% em 2008, garantindo, assim, o aumento da representatividade dos produtos de maior valor acrescentado no total expedido, em detrimento principalmente dos bens de consumo e dos produtos intermédios. O peso dos produtos intermédios nas expedições ascende a 26,7% e o dos bens de consumo a 13,2%.

Em termos de grau de intensidade tecnológica, a estrutura das expedições foi, em 2008, dominada pelos produtos de média-alta tecnologia, com 51,0% do total expedido, seguidos dos produtos de baixa tecnologia (24,1%), alta tecnologia (13,1%) e de média-baixa tecnologia (11,9%).

Quanto ao investimento, como receptor de investimento directo português, a posição alemã testemunha um interesse oscilante dos operadores económicos portugueses por aquele mercado, ocupando a 15ª posição no ‘ranking’ de receptores, em 2008, tendo caído duas posições em relação a 2004. Segundo os dados disponibilizados pelo Banco de Portugal, no período de 2004-2008, o investimento bruto português na Alemanha ascendeu a cerca de 503,9 milhões de euros mas, tomando em consideração o desinvestimento efectuado (no montante de cerca de 271,4 milhões de euros), regista-se um investimento líquido de apenas 232,5 milhões de euros.

in Diário Económico